Confira os tópicos a seguir
O projeto redigido pelas profissionais do Praia Clube, Ana Luísa Ribeiro (Assistente de Conservação e Meio Ambiente) e Sara Hatem Honorato (Gerente Conservação e Meio Ambiente), tem o objetivo de demonstrar o programa completo de controle populacional e cuidado com os bichanos. Confira!
HISTÓRICO
O Praia Clube, ao longo do tempo, percebeu um aumento considerável no número de gatos que apareciam em suas instalações. Em um primeiro momento, não aparentava que tomaria proporções com tamanha repercussão. Contudo, com crescimento incontrolável dos animais e nenhuma técnica de manejo aplicada a situação gerou inúmeros debates.
À medida que a população de felinos crescia fomos questionados em duas frentes, por um lado quanto à higiene adequada das instalações para assegurar a saúde e integridade física dos frequentadores e, por outro, quanto à alimentação e cuidados devidos para garantir a saúde e integridade física dos animais. Diante do impasse, a Diretoria do Praia Clube optou por acionar o Centro de Controle de Zoonoses em busca de orientação quanto às possíveis alternativas.
Além disso, diversas entidades e especialistas no assunto foram consultados, como a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a Promotoria Ambiental do Ministério Público de Minas Gerais, Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbanístico e de Saúde da Prefeitura Municipal de Uberlândia. Vistorias realizadas pela Vigilância Sanitária também foram realizadas.
A solução de manejo mais eficaz foi proposta pelo Instituto de Ciências Biomédicas da UFU, apoiada pelo Promotor do Ministério Público, Dr. Breno Lintz, porque se considerou uma série de ações integradas, apontando indícios que mobilizações pontuais ou isoladas não seriam eficientes.
As medidas consistiram em campanhas ambientais para sensibilizar os frequentadores e treinar colaboradores do Clube acerca das ações definidas, que consistem em capturar, identificar, esterilizar, vacinar, vermifugar, proceder com determinação de pontos estratégicos para alimentação adequada e recuperação pós-cirúrgica desses animais, disponibilizando alguns para adoção, outros encaminhados para ONG Bicho Sem Grilo, também parceira no Projeto, e os demais mantidos nas dependências do Clube, para demarcação de território, inibindo o aparecimento de novos gatos doentes.
Ademais, para manutenção do sucesso do Projeto é necessário proceder com o encaminhamento do animal para consultas periódicas. Neste caso, contamos com apoio de uma Clínica Veterinária Particular, também parceira, para nos cercar dos cuidados inerentes à atividade, mantendo diálogo constante com entidades, órgãos públicos responsáveis e também pesquisadores especializados no assunto.
O trabalho tem sido árduo, mas com o tempo os resultados aparecem. Os animais já são identificados e os que permanecem no Clube recebem nomes e se acomodam em locais fixos de acordo com a preferência de cada indivíduo ou grupo. O receio de transmissão ou contágio de doenças entre os animais e frequentadores reduziu drasticamente, pois em qualquer incidente é possível identificar o animal e por estar saudável e vacinado não há nenhum relato de complicações posteriores. A alimentação balanceada diminuiu consideravelmente a presença dos mesmos nos restaurantes e quiosques. Somado a isso, as feiras de adoção representam a chance de amor e felicidade tanto para os gatos quanto para os lares e famílias adotantes.
Toda essa dedicação rendeu ao Praia Clube o Prêmio Fenaclubes 2019, na categoria Social, pelo vídeo institucional nomeado de Adoção Pet, retratando a situação desde o início até os dias de hoje.
Confira o Vídeo Caso de Sucesso 2019
Para mais informações acesse:
DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES
Identificação da situação problema
Aumento considerável e sem controle da população de felinos nas dependências do Praia Clube. Nesse sentido, problemas decorrentes apareceram, sendo eles: mordeduras/arranhaduras de animais mais ariscos nos colaboradores e associados, alimentação imprópria na área dos restaurantes e quiosques, casos de abandono de animais no perímetro do Clube, insegurança no sentido de disseminação de doenças por estes animais.
Legislações de embasamento
Três legislações principais embasam o controle e cuidado com animais. Sendo duas federais (Leis 9.605/98 Crimes Ambientais e 13.426/17 Controle de Natalidade de Cães e Gatos) e uma estadual (Lei MG 21.970/16 Proteção, Identificação e Controle Populacional de Cães e Gatos).
Trechos significantes dispostos a seguir:
Legislação Federal 9.605/98 Crimes Ambientais, dispõe:
“Dos crimes contra a Fauna Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorre o óbito do animal”.
Legislação Federal 13.426/17 de Controle de Natalidade de Cães e Gatos dispõe:
Art. 1 O controle de natalidade de cães e gatos em todo o território nacional será regido de acordo com o estabelecido nesta Lei, mediante esterilização permanente por cirurgia, ou por outro procedimento que garanta eficiência, segurança e bem-estar ao animal.
Art. 2 A esterilização de animais de que trata o Art.1 desta Lei será executada mediante programa em que seja levado em conta:
I – o estudo das localidades ou regiões que apontem para a necessidade de atendimento prioritário ou emergencial, em face de superpopulação, ou quadro epidemiológico;
II – o quantitativo de animais a serem esterilizados, por localidade, necessário à redução da taxa populacional em níveis satisfatórios, inclusive os não domiciliados; Art. 3 O programa desencadeará campanhas educativas pelos meios de comunicação adequados, que propiciem a assimilação pelo público de noções de ética sobre a posse responsável de animais domésticos.
Legislação Estadual MG 21.970/16 de Proteção, Identificação e Controle Populacional de Cães e Gatos dispõe:
Art.1 A proteção, a identificação e o controle populacional de cães e gatos no Estado serão realizados em conformidade com o disposto nesta Lei, com vistas à garantia do bem-estar animal e à prevenção de zoonoses.
Art. 2 Fica vedado, no âmbito do Estado, o extermínio de cães e gatos para fins de controle populacional.
Art. 7 No procedimento de esterilização de cães e gatos serão utilizados meios e técnicas que causem o menor sofrimento aos animais, de maneira ética, com insensibilização, de modo que não se exponha o animal a estresses e a atos de crueldade, abuso ou maus-tratos, nos termos da legislação vigente.
Parágrafo Único. Quando da realização da esterilização, compete ao profissional responsável pelo procedimento incluir tal informação no cadastro eletrônico do animal, conforme definido em regulamento.
Instituições de Apoio
O apoio legislativo e técnico sobre os procedimentos e sugestões a serem realizados veio dos (as) instituições:
– Secretaria Municipal de Saúde;
– Vigilância sanitária de Uberlândia;
– Centro de controle de zoonoses de Uberlândia;
– Ministério Público;
– Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM) da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU).
Parcerias
Para garantir um tratamento adequado aos animais, algumas parcerias foram realizadas.
Parceria com a Empresa Júnior do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia, Minas Bio, para elaboração de uma campanha lúdica de educação ambiental para dar conhecimento das ações aos frequentadores e colaboradores do Clube.
A parceria com clínicas privadas de atendimento veterinário especializado em felinos auxilia com os cuidados clínicos, como: consultas, atendimento veterinário de urgência, internações, exames, vacinas e prescrições de medicamentos.
A parceria com o Hospital Veterinário da UFU garante o cuidado e a forma correta de esterilização animal. Ao passo que contribui socialmente com a formação de futuros médicos veterinários (estudantes da universidade) que acompanham a professora nos procedimentos. Por fim, existe um contrato com uma Organização Não Governamental (ONG) em que o Praia encaminha para a sede os animais mais ariscos que podem prejudicar o convívio saudável com associados e colaboradores, enquanto que o Praia fornece materiais de higiene, ração e materiais de construção para ajudar no desenvolvimento da ONG.
Comissão Interna
Os animais que permanecem no Clube precisam receber um cuidado e atendimento especial para que seja possível o levantamento de informação dos gatos. Isso remete à classificação de localidades preferenciais de cada animal, controle de vacinas, consultas, exames clínicos, castrações, avaliações frequentes da saúde de cada felino, cuidado com gatas prenhas e ninhadas novas, higienização do local que ficam entre outras atribuições.
Portanto, existem funcionários que se candidatam para exercício desse tipo de tarefa, além das funções de cargo, auxiliando nos trabalhos, além de contarmos com apoio de funcionários que participaram de cursos de manejo, curso este que engloba inclusive manejo de animais silvestres, recebendo treinamento e gratificação para desempenho da função. Com avanço do projeto e visando maior capacidade técnica, em 2019, foi efetivada a contratação de estagiária de medicina veterinária, designada para o cuidado com os felinos.
Ações de Manejo (adaptações locais)
Para melhor adaptação das instalações do Clube a fim de estabelecer pontos estratégicos de cuidado alguns locais foram construídos ou reformados. Na área do transbordo, onde ocorre a separação de resíduos do Clube, foi construído um gatil: área adaptada com areia, grade e proteção para isolamento principalmente de animais doentes.
Na parte conhecida como Administração II, duas áreas externas foram adaptadas para serem locais de tratamento, principalmente de gatas prenhas, ninhadas novas, para domesticação desde o início de suas vidas e animais doentes que necessitam de medicação diária. Para auxilio, também foi construído uma gaiola móvel para tratamento individualizado, similar as utilizadas em clínicas veterinárias.
Cuidados com os animais
Os animais do Praia Clube se tornaram mascotes tanto para colaboradores como para associados. Depois de todo o trabalho de esterilização e controle populacional, os remanescentes receberam nomes e são tratados como verdadeiros animais de estimação do local. Portanto, a cobrança pela saúde e qualidade de vida destes animais é notória.
Ponto a Ponto
Saúde: Os animais que se encontram no Clube são vermifugados, vacinados com V5 (protege de vírus que causam Rinotraqueíte, Calicivirose, Panleucopenia, Leucemia felina e Chlamydia psittaci) e também recebem a vacina de Raiva. Essas medicações são acompanhadas por tabelas de controle.
No caso de apresentarem comportamento anormal como apatia, olhos lacrimejantes ou outro sinal de enfermidade são direcionados a clínica veterinária para consulta, sendo tratamento realizado no próprio Clube ou, em casos mais sérios, internados na própria clínica.
Alimentação: visando principalmente a saúde do animal o Praia se compromete em fornecer ração de qualidade (Premium) para os animais, sendo de dois tipos: filhotes e adultos castrados. Ao possuírem alimentação em horários e locais apropriados, diminuem-se bastante as visitas aos restaurantes e quiosques em busca de alimentos impróprios de maneira inadequada, para complementar esta medida foi feita campanha de conscientização pedindo para que os sócios não os alimentem.
Esterilização: todos os gatos identificados nas dependências são encaminhados para esterilização no hospital veterinário da UFU e se recuperam na área reservada ao tratamento do setor Administração II. Alguns animais ainda passam pelas cercas do rio ou pulam os muros de divisa com outras propriedades privadas e, por isso, algumas gatas prenhas e ninhadas ainda aparecem.
Carinhos e segurança: os animais que permanecem no Praia são acostumados com a presença humana e são dóceis, inclusive pedem atenção. Portanto, frequentemente presenciamos pessoas tendo contato com os animais em áreas comuns e isso gera grande afeto entre as partes. Em raros casos de mordida ou arranhão a pessoa é levada ao Posto de Enfermagem dentro do empreendimento e recebe atendimento necessário, como o Clube preza pela vacina em dia não há relatos de complicações devidos tais incidentes.
Adoções
Para adotar é necessário preenchimento de uma ficha de responsabilidade que informa dados do adotante (nome, CPF, RG, endereço), a especificação do animal (nome, pelagem, idade, vacinas) e ainda algumas instruções de boa adaptação. Para isso, existe uma pequena regra de que animais jovens e filhotes possuem maior possibilidade de socialização, sendo mais fácil a adoção. Da mesma forma, animais mais velhos estão acostumados com as dependências do Clube, apresentando maior dificuldade em adaptar em outros locais.
Tendo este cenário como base, há três destinos finais que a instituição tem como opção, sendo elas: os filhotes são postos para adoção, os mais ariscos são destinados a uma ONG específica e responsável e os mais velhos e mais acostumados são deixados para viver no espaço do Praia demarcando território.
Como informado, de tempos em tempos, é comum o aparecimento de novas ninhadas e de gatas prenhas. Nestes casos, os filhotes são domesticados, vermifugados, vacinados e castrados, sendo que todo o processo dura em torno de seis meses, depois são postos para adoção.
Os que não respondem à domesticação, sendo mais ariscos são encaminhados para a ONG somente depois de terem sido vacinados, vermifugados e castrados. Por fim, os que ficam também passam pelos mesmos processos e a vantagem de mantê-los é a demarcação de território como já mencionado. Ou seja, impedem que novos animais de locais externos entrem e dominem a área.
Divulgações
A divulgação por diversos meios de comunicação é uma aliada fundamental no sentido de sensibilizar as pessoas, promover um convívio saudável e também espalhar eventos de adoção ou ações positivas. Para isso, o Depto. de Comunicação e Marketing do Praia disponibiliza informação nas mídias digitais (Instagram e Facebook), nos meios físicos (Jornal do Colaborador e Revista Praia), como também em placas, banners e adesivos por todo o Clube.
CONCLUSÃO
A conclusão do programa é que mesmo tendo todo o trabalho de identificação, captura, vacinação e cuidados com os animais o benefício de se conseguir um convívio saudável entre as pessoas e os animais é recompensador. Por tratar tão bem dos bichos, os associados e colaboradores podem ficar tranquilos, principalmente quanto ao assunto de higiene e salubridade do local, porque manter o controle da situação e conhecer cada gato de maneira profunda e engajada fornece meios de expor aos interessados de forma clara e concisa todo o trabalho de manejo.
Por Ana Luísa Ribeiro e Sara Hatem Honorato



















